sexta-feira, 31 de julho de 2009

Amor... Mas não pela arte!

Ela me conhece muito bem...

Noites em claro... Passei por ela. Chorei por ela.

O mesmo ela fez por mim.

Com toda sua beleza, arrancava suspiros e fazia meus olhos brilharem.

Ensinou-me a ser homem, a ver a vida com outros olhos e ter força pra enfrentar os maiores problemas. Emprestou-me dinheiro... E por muitas vezes seu ombro para me confortar.

Mostrou que... O sofrimento às vezes não é ruim.

E que ele serve para nos tornar fortes!

Já discutimos, muitas vezes... Sem motivo.

Chorou ao me ver pendurado na janela do ultimo andar... E se agarrou aos meus pés, implorando para que eu voltasse a si.

Deu-me a vida! Deu-me orgulho, se orgulhou...

É o meu tesouro! Guardado a sete chaves em meu peito...

E arrependo-me de palavras e pensamentos

Mas nada abala meu amor...

O tempo jamais vai apagar isto...

Oferecido a: Ana Paula de Souza Barreto, minha MÃE... Que sempre acreditou, que eu seria algo que a fizesse sorrir, que nunca me deixou cair, sem ao menos que ela estivesse ao lado para me estender à mão... Sem mais!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Sobre arte... E eu mesmo.

“Eu sinto que sei que sou um tanto bem maior!”. (O Teatro Magico - Pena)
E apesar de tudo... Sabemos que somos bons
De coração, na alma... Porque a alma da arte é pura, sem pudor e sem restrições!
Na arte... É onde exprimimos nossos sentimentos sem pestanejar, sem ter vergonha.
É onde sorrimos com pureza e sinceridade. Sem o medo de sermos reprimidos.
Sem o medo do preconceito. Por isso digo... Que não sei se... Amo a arte, ou ela me ama!
Deixei a mente fluir!
E surtir efeito sobre todo mal do mundo!
Que me perturba e me pressiona a parede
Mas mesmo assim, não há nada como um amor puro e belo, seja ele por alguém ou pra alguém.
Leva-me a vales jamais vistos e inimagináveis
Campos de sorrisos, e arvores que florescem desejos...

terça-feira, 28 de julho de 2009

Já percebi que... Com romance eu não te surpreendo. Com flores jamais arrancarei um sorriso teu, e poemas não te deixarão emocionada.

domingo, 26 de julho de 2009

Desta vez... Sem titulo!

Antes de mais nada; venho esclarecer algumas coisas...

Todos os textos, contos ou como preferir... São de minha autoria. Os contos seguem uma linha que não é muito o meu forte. E este eu rosolvi escrever mais com a minha "cara". Devo agradecimentos a muitas pessoas. Que se eu for divulgar todos os nomes, irão preencher todo meu arquivo no blog... Mas segue abaixo alguns dos mais importantes:

Em primeiro lugar vem a ANNE, que tem me incentivado demais pra que eu não pare de escrever, Neto (grande Neto) que nos abandonou aqui no Brasil pra prosperar lá em Cuba! Juliano que é meu irmão... E a por enquanto é só.

Todos os contos são baseados em fatos reais, e este ultimo é um dos que escrevi com mais sentimento... Ele não segue a linha dos demais, pois queria escrever algo com a minha forma de pensar, mostrar que eu não sou um pervertido (RSRSRS) e que talvez ainda exista algo dentro da minha cabeça (RSRSRS) espero que todos gostem...

Sem mais.

Carlos William Barreto


A vida (minha) como ela é.

Amor, um belo amor... Quem nunca teve um? Sendo ele correspondido ou não... Eu já tive um amor, alguns para ser exato. Pois na minha visão do que é “amor”... Penso que não temos apenas um. Aqui relato o que me deu mais trabalho! E por conta disto me rendeu uma grande historia... Aliás, trabalho era o que menos me faltava. Apesar da pouca idade, já tinha meu próprio negocio, que me mantinha ocupado por grande parte do dia... Uma loja de roupas no centro da cidade, não era grande, mas não era simples. Tinha sua decoração extravagante. Que foi um presente dado por uma amiga do ramo, e por isso chamava atenção em meio as maiores. Era um ótimo lugar pra se conhecer pessoas, e foi lá que tudo começou... A loja servia como ponto de vendas e divulgação das festas da cidade, desde as “baladas” mais conhecidas, até as menores. Era um bom negocio! Eu divulgava o que fosse preciso, colocava convites à venda e assim também divulgava minha pequena loja...

Eu já conhecia todos os divulgadores, organizadores e “donos” destas tais festas. Era uma correria nos dias que antecediam as mesmas... Dinheiro, “flyer’s” espalhados por todos os cantos... E pessoas, muitas pessoas! Uma delas foi o motivo de muitas noites em claro. Tudo nela me encantava, desde o nome ao modo como ela caminhava. Tinha toda simpatia do mundo. Ela me tirava o sono, e isto ela sabia fazer muito bem. Sua beleza me trazia brilho nos olhos, as roupas me faziam babar, seu jeito de andar enfeitiçava e seu corpo despertava meu desejo... Lembro bem da primeira vez que a vi. A luz avermelhada e baixa do interior um tanto que apertado, ressaltou suas curvas, o abajur no canto do balcão fez o mesmo, mas com seu rosto... Os olhos refletiam o meu... Pálido e sem reação. Seu sorriso me prendia ali naquela situação horrível... Desejar o que não se pode ter! Todos os dias em que a via, eu chegava em casa e escrevia algo. Algo que me fizesse descarregar tudo aquilo, me libertar daquela tortura. Dos sonhos ela já fazia parte, sonhos das poucas horas dormidas, sob a luz da rua que teimava invadir meu quarto pelas frestas da janela. Mesmo sabendo que tê-la em meus braços era algo quase impossível... Segui com a minha empreitada de libertação em forma de escrita. Folhas e mais folhas acumuladas, junto aos guardanapos, recolhidos do restaurante na hora do almoço, que também serviam como pousada para minhas palavras de amor. Noites juntavam-se aos montes de pensamentos embaralhados e confusos. Houve uma noite de maior tortura. À noite em que decidi escrever algo válido, que talvez entregaria para ela. Tortura demais! O tempo passou e nada em minha mente parecia fazer sentido. Eu estava tão preso naquela idéia, e nem me dei conta que já se passavam horas que eu estava com os olhos pregados na tela do computador, visando somente uma foto e esperando a inspiração, que por sinal estava muito longe... Longe o bastante para me fazer deslizar os dedos pelo teclado e não escrever nada. Assim eu adentrava mais uma noite pensando no que ia dizer, no que ia fazer. Tomando a devida coragem para esboçar uma reação diante dela... Mas já estava demorando demais!

O dia batia a minha porta. E o papel ainda estava em branco! Não conseguia fazer nada além de pensar na bela moça... Eu repetia em minha mente a cena que me tirava o sono. Ela, com toda sua beleza, caminhando em minha direção... Martirizei-me com este filme que insistia em repetir. Eu a desejava, eu sonhava com beijos e abraços, troca de olhares... Tudo muito utópico. Ela vivia rodeada por homens de todos os tipos... O trabalho lhe proporcionava isto. E sabendo disto, eu pensava: Que chances eu poderia ter? Porque insisto neste desejo?

O preço do desejo é alto! Custa algumas noites em claro, alguns compromissos desmarcados e posso até dizer que me custa alguns trocados. Mas nada que me faça desistir... Eu travava uma batalha com o papel em branco e com a minha cabeça, nenhuma idéia de amor, nenhum singelo poema infantil.

As palavras embaralhavam-se em minha cabeça, formavam desenhos... E todos eles tinham seu rosto!

“Mais que droga! Soma-se mais uma noite e não a tiro da cabeça!”.

O pensamento não voava alto, ficava ali, estático entre as paredes de meu quarto...

As madrugadas eram regadas com muitas doses de café e conhaque, sem contar os cigarros. O vicio que precede o sofrimento, aflorava dentro de mim... E eu observava meu declínio. Não existia porta, nem caminho. Tudo era ela! A poesia depressiva não servia de conforto, consolo ou desabafo. Mas sim! Abafo o surto e me contento com lembranças...

Pequenas de fato. Que só serviam como uma corda de fio fraco, que eu me segurava com toda força, sem saber quando seria minha queda...

Afinal... Seria bom ou ruim?

O que eu poderia fazer?

Até então eu a tratava como todos que freqüentavam minha loja. Nenhuma demonstração de carinho, nada de interesse, somente trabalho. Talvez eu devesse tentar filosofia, ou qualquer outro assunto intelectual, talvez pessoal... Tanto faz! Uma conversa pessoal seria uma batalha ganha. Mas a guerra estava longe de terminar...

Insano... Eu já tratava do assunto como uma guerra! Traçava caminhos, criava táticas e estudava formas de me aproximar...

Céus! Onde fui chegar?

Comecei a me sentir mal com a situação. Sentir medo de si. E tentei me afastar... Em vão! Ela freqüentava os mesmo lugares, ou meu subconsciente me levava até ela. E tudo foi piorando com o tempo... As cartas já formavam um livro, e a imaginação ia além da roupa. Os sonhos eram todos distorcidos, pois o único sentido era estar perto dela... Não me importava se era em um lugar estranho, no fundo do mar ou nas minhas palavras.

A ultima coisa que escrevi, já não era algo que possa considerar-se normal.

Passei dias amargos, perdidos...

Dias sem razão alguma!

Como viveria?

Eu... Um homem solitário!

Sem tua divina presença em minha vida.

Mulher seja minha...

Melhor!

Sejamos um só.

Dois felizes corpos unidos, dançando, simplesmente vivendo.

Talvez seja destino...

Quem dera fosse esse o meu!

Viver ao lado da mais bela mulher, que meus olhos puderam ver.

Desejei teus lábios, suspirei ao teu abraço...

Criei asas!

Aprendi, cresci...

...Amei!

Como jamais amaria outro alguém...

E assim, eu terminaria mais um texto romântico que jamais entregara a ela.

Perdeu-se o tempo, perdeu-se o senso.

As loucuras de amor, que pareciam inofensivas, tornaram-se delírios!

Sonhos, quimeras, fantasias, ficções... Devaneios de uma alma doentia. Eu tinha que dar um fim nisto! Acabar com o meu sofrimento... Não era um jogo, mas era tudo ou nada! Não poderia suportar nem mais um minuto neste estado. Eu já não esperava nenhum resultado, somente queria me livrar da dor... Estava decidido a saber qual seria o fim disto. Um manicômio ou a glória? Não poderia saber se não fosse atrás da resposta. Mesmo sabendo o peso que carregaria depois, fiz de tudo para ficar mais próximo dela. Tornei-me um dos divulgadores da mesma festa que ela promovia. Desmarcava compromissos com a minha loja, somente para ir as reuniões da organização, conversava, falava e me mostrava interessado pelo seu trabalho... Em relação a ela, obtive bons resultados. Até uns olhares trocados para me fazer sorrir... Pra minha sorte, a distancia encurtou-se. Em pouco tempo já estávamos conversando como se fossemos grandes amigos. E com mais sorte ainda... Em uma das reuniões, tive o meu melhor presente! Um beijo! Meio sem graça, mas muito bom... Também pudera. Como sempre, ela envolta por homens, que pareciam nunca ter visto uma mulher na vida, não tinha como ser algo mais intenso. Mas mesmo assim, voltei para casa um tanto satisfeito, como uma criança, que acaba de ganhar um novo brinquedo. No mesmo dia marcamos a data para a próxima reunião... Seria na mesma semana, mas eu já estava mais tranqüilo. Havia ganhado a guerra! A ansiedade agora era algo bom. Não nego que ainda tive sonhos um tanto que pervertidos, mas nada exagerado. Eram todos por conta do desejo... Desejo este que não se satisfez no reencontro! Afastados pelo excesso de gente no local. Tive que me contentar com um beijo de despedida, e somente isto! Até então seguimos desta forma. Acho que temos muita historia ainda... Ao menos é o que eu espero! Agora que temos uma certa “intimidade”... Perguntarei a ela, mas com ar de brincadeira, se todos os nossos beijos serão a prazo, mas que por mim tanto faz... E espero que esta divida seja bem grande e que os juros sejam maiores ainda...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Santo caralho!

“Ai meu santo caralho!”

Esta foi a frase indagada por mim ao acordar, ainda suado e atormentado pelo sonho um tanto que estranho. Ao olhar para baixo e ver meu pênis ainda ereto, mas não por vontade urinar, sim pelo tesão que ainda sentia pela maldita imagem de uma loura que atormentava meus sonhos... Senti-me um idiota. Sim! Vou explicar melhor... A tempos vinha sonhando com uma moça linda de cabelos louros, um rosto de beleza sem igual e um corpo descomunal. Todos os dias eu sonhava algum tipo de aventura erótica, algumas se repetiam por dias seguidos...

Isto já me enchia os culhões!

Outro dia estava sentado em um bar, não me lembro qual era nome nem em que lugar se localizava, lembro-me que parecia a rua augusta. E como todo boêmio, eu fazia jus ao título!

Estava sentado, apreciando um bom uísque e as mulheres na passarela da vida real, perambulando com seus saltos e maquiagens espalhafatosas, que são mais que convidativas...

Eu só as observava; como se fossem um colírio. Em meio à multidão meus olhos se perdiam entre carros e mulheres, eu me perdia em uma vastidão de pensamentos depravados, eu não era um cara de muitas mulheres, havia tido uma, para nunca mais! Depois de uma decepção amorosa de cinco anos, não queria me envolver com mais nenhuma, ao menos por enquanto.

Calmo, como uma ave de rapina, eu observava cada passo daquelas presas fáceis, mas uma leoa toma a minha visão, com um caminhar suave, de uma mulher de classe e bem acostumada com “caçadas”... Aproximou-se calmamente e sentou-se na cadeira a minha frente, com a frieza de uma “expert” disse...

“não vai me oferecer uma bebida?”

Pasmo e sem reação, engoli a seco, sem acreditar na imagem que via em minha frente. Ela prosseguiu com seus ataques em forma de palavras...

“Se não for tua vontade, irei à mesa ao lado... O rapaz ali me parece muito solitário também...”

Em uma reação espontânea, chamei o garçom com um dos braços levantados, mas sem tirar os olhos daquela musa...

Um sorriso um tanto que sarcástico, mostrou-me que havia gostado da reação. Ali percebi que de caçador, passei a ser a caça. Alguns copos depois ela já sabia sobre minha medíocre vida, e a tontura não me deixava entender a sua. O sorriso já se tornara gargalhada e já parecíamos íntimos. A conversa não demora a chegar aos pontos críticos. Nunca gostei muito de me abrir sobre aventuras amorosas, mas ela... Ah esta sim gostava de contar suas aventuras. E confesso que isto me deixava excitado. O teor de álcool em minha pequena cabeça, já me deixava doido o suficiente para imaginá-la nua em minha cama. Enquanto eu viajava nestas alucinações, só tive tempo de entender o convite...

“Vamos sair daqui? Vamos para um lugar onde poderemos ficar mais perto um do outro...”

Aceitei sem pestanejar... Levantei com toda classe de um bêbado, peguei sua mão e disse:

“Vamos!”

Não demoramos a chegar à frente de um lugar com aparência chinfrina, comparado aos lugares que eu freqüentava aquilo era um bordel! Um rapaz com mais tatuagens que seu corpo podia carregar e aparentando ter a idade de meu sobrinho tomava a frente do lugar... Lembro-me bem do nome. Inferno! Era a típica balada de jovens revoltados das noites paulistanas. Eu jamais entraria ali sozinho e por vontade própria, mas aquela altura da madrugada eu não me importava com mais nada.

Depois de uma curta conversa com o rapaz tatuado, adentramos o lugar sem pagar. Com isso percebi que minha “leoa” era freqüentadora assídua do local. Por dentro o lugar era até que agradável, a não ser pela banda barulhenta, que insistia em tocar aquele rock and roll que não me agradava. Minha expressão não me deixava mentir... Sentia-me incomodado com todos aqueles adornos nos rostos dos jovens, aquelas tatuagens enormes e todo aquele barulho ensurdecedor. Ela simplesmente sorria, e me carregava mais e mais para dentro daquela baderna. Quando me dei conta, já estava envolvido por seus braços, em meio à multidão que balançava a cabeça sem parar. De rosto colado ela me fazia “dançar”, eu me deixava levar por seu corpo, suas mãos bagunçavam meu corpo, eu cheio de tesão, seguia aquela dança pornográfica... Tudo foi se tornando silencioso e logo eu não estaria vendo mais ninguém. No salão, somente eu e ela. A tontura ajudava no balançar daquela idéia maluca. Suas mãos agora alcançavam mais do que minhas costas e meu pescoço, elas chegavam a minha calça; e por dentro dela acariciavam meu pênis, ela virava-se de costas e levantava a saia até deixar que eu alcançasse sua calcinha facilmente... Levado por esta loucura, eu colocava a mão por baixo de sua saia e a masturbava por cima da calcinha. Eu via delírio, ouvia gemidos e pedidos insanos. Em atitude que não parecia minha, abri o zíper de minha calça e coloquei meu pênis entre suas pernas, olhei a minha volta e todos nos olhavam pasmos, mesmo assim não me intimidei...

Louco, alcoolizado e irreconhecível, cheguei ao seu ouvido e anunciei: Vou te comer aqui mesmo sua safada!

Segurei-a com uma mão entre os seios e com a outra tirei sua calcinha do caminho. Ela se empinava e gemia. Penetrei-a com força, mostrando que tomei de volta meu posto de caçador... Divertia-me enquanto uma luz forte atingia meu rosto, as pessoas a minha volta gritavam e gargalhavam, tudo foi se tornando fosco, os sons se distanciavam e a luz ofuscava minha visão. Com uma das mãos enxuguei o suor que escorria em meu rosto, fechei os olhos e quando os abri... Estava deitado em minha cama, sozinho! Para meu desespero, não passava de mais um sonho como todos os outros.

“Ai meu santo caralho!”

Olhei o relógio... “Sete da manhã?”

Já estava ficando louco com esta situação, isto não poderia ir além!

Um mês de sonhos loucos assim... Sempre a encontrar esta linda moça, sempre a desejar o seu corpo escultural. Decidi que faria um esforço durante o dia para não pensar nela.

Trabalhei normalmente, fui almoçar junto a uma das secretárias, tudo isto para tentar enfiar a imagem de outra mulher em minha mente...

Logo a noite chega, e o desespero também. Tomei um calmante para dormir melhor, pensando que isto poderia me salvar de mais um sonho, e por mais longe que levasse minha mente, ela estava lá! O que eu temia aconteceu, eu me apaixonei por uma mulher que não existe! Adentrei em meu quarto e olhei a cama com medo. Estava apavorado. Não queria mais aquela tortura. Posso dizer que no começo foi prazeroso, mas agora havia se tornado um pesadelo... O calmante já me derrotava, o sono era incontrolável, então adormeci.

Nem calmante, nem toda distração do meu dia evitou mais um sonho, mas este diferente de todos, talvez o tormento na vida real, fizesse com que fosse assim.

Eu estava em um lugar muito branco, sem piso, sem teto; infinito.

Eu a via caminhar em minha direção, estava chorando... Gritava e fazia gestos bruscos. Eu fiquei sem entender nada, até conseguir escutar suas palavras.

-Seu cretino! Desgraçado! Eu acreditei em você... Você me seduziu. Eu servi apenas para satisfazer seus malditos sonhos eróticos, é isto mesmo?

-Olhe pra mim quando falo! Olha! Olhe pra mulher que você desejou por dias... Para mulher que transou por dias...

Porque fui tentar fugir?

Agora estava preso a ilusão, discutindo com alguém que não existe! Com uma mulher que não existe, mas que eu amava! Loucura? Eu estava louco mesmo... Para viver uma coisa destas? Somente em meio à loucura!

E mais uma vez acordei perdido, sem saber o que fazer... Colocava as mãos na cabeça em um ato desesperado, tentando entender o que estava acontecendo, estava pensando até em procurar ajuda psicológica... Já estava atrasado para o trabalho, estressado com a situação maluca que eu não suportava mais.

Passei o dia todo com a cara amarrada, um nó cego! Não fiz nada... Não almocei direito, não suportei olhar aquela secretária com quem almocei no dia anterior... Os papéis em minha mesa formavam uma pilha que escondia meu rosto cheio de toda a realidade que eu não queria viver. No meu pensamento a imagem da loura que tirava meu sono...

Mesmo sendo em um sonho, me sentia arrependido por ter brigado com ela. Triste, moribundo, eu não via a hora do expediente acabar. Contei as horas, até que me vi liberto daquela tortura.

Resolvi caminhar pela cidade para ver rostos novos, mulheres bem arrumadas e talvez me distrair vendo crianças brincarem em algum parque, mas nada disso adiantou. Ainda sem paciência, tomei o caminho para casa, entrei no metro e lá as coisas pioraram...

Comecei a me sentir mal, vi tudo girar e depois ficarem em câmera lenta... As pessoas esbarravam em mim, eu não entendia nada. E com a visão falha, vi uma moça, vindo em minha direção. Aconteceu muito rápido, não tive tempo de me afastar. Ela com o telefone celular nem percebeu que eu estava em seu caminho. Um grande esbarrão... Então tudo voltou a ficar lento, mas minha visão tinha voltado ao normal. Abaixei e peguei o celular que havia caído, levantei e com o mesmo ainda em minhas mãos... A moça me pediu desculpas e agradeceu por ter pego o aparelho do chão. Como em uma cena de filme romântico, olhei em seus olhos e sorri. Fiquei ali, parado. Vendo a bela moça dar as costas e ir embora, mas fiquei feliz. A vi sumir dentre a multidão que perambulava e se amontoava nas filas do metrô... Entrei no vagão que me levaria até em casa, e fui pensando nos porquês daquela decisão. Imaginei todos aqueles sonhos pervertidos que rodavam como um longa metragem em minha mente... E vi o quanto fui sensato. Agora eu poderia dizer que não estou louco, que meu amor realmente existe, e que todas as drogas que eu usava não me faziam bem. E como não faziam!