quinta-feira, 16 de julho de 2009

Santo caralho!

“Ai meu santo caralho!”

Esta foi a frase indagada por mim ao acordar, ainda suado e atormentado pelo sonho um tanto que estranho. Ao olhar para baixo e ver meu pênis ainda ereto, mas não por vontade urinar, sim pelo tesão que ainda sentia pela maldita imagem de uma loura que atormentava meus sonhos... Senti-me um idiota. Sim! Vou explicar melhor... A tempos vinha sonhando com uma moça linda de cabelos louros, um rosto de beleza sem igual e um corpo descomunal. Todos os dias eu sonhava algum tipo de aventura erótica, algumas se repetiam por dias seguidos...

Isto já me enchia os culhões!

Outro dia estava sentado em um bar, não me lembro qual era nome nem em que lugar se localizava, lembro-me que parecia a rua augusta. E como todo boêmio, eu fazia jus ao título!

Estava sentado, apreciando um bom uísque e as mulheres na passarela da vida real, perambulando com seus saltos e maquiagens espalhafatosas, que são mais que convidativas...

Eu só as observava; como se fossem um colírio. Em meio à multidão meus olhos se perdiam entre carros e mulheres, eu me perdia em uma vastidão de pensamentos depravados, eu não era um cara de muitas mulheres, havia tido uma, para nunca mais! Depois de uma decepção amorosa de cinco anos, não queria me envolver com mais nenhuma, ao menos por enquanto.

Calmo, como uma ave de rapina, eu observava cada passo daquelas presas fáceis, mas uma leoa toma a minha visão, com um caminhar suave, de uma mulher de classe e bem acostumada com “caçadas”... Aproximou-se calmamente e sentou-se na cadeira a minha frente, com a frieza de uma “expert” disse...

“não vai me oferecer uma bebida?”

Pasmo e sem reação, engoli a seco, sem acreditar na imagem que via em minha frente. Ela prosseguiu com seus ataques em forma de palavras...

“Se não for tua vontade, irei à mesa ao lado... O rapaz ali me parece muito solitário também...”

Em uma reação espontânea, chamei o garçom com um dos braços levantados, mas sem tirar os olhos daquela musa...

Um sorriso um tanto que sarcástico, mostrou-me que havia gostado da reação. Ali percebi que de caçador, passei a ser a caça. Alguns copos depois ela já sabia sobre minha medíocre vida, e a tontura não me deixava entender a sua. O sorriso já se tornara gargalhada e já parecíamos íntimos. A conversa não demora a chegar aos pontos críticos. Nunca gostei muito de me abrir sobre aventuras amorosas, mas ela... Ah esta sim gostava de contar suas aventuras. E confesso que isto me deixava excitado. O teor de álcool em minha pequena cabeça, já me deixava doido o suficiente para imaginá-la nua em minha cama. Enquanto eu viajava nestas alucinações, só tive tempo de entender o convite...

“Vamos sair daqui? Vamos para um lugar onde poderemos ficar mais perto um do outro...”

Aceitei sem pestanejar... Levantei com toda classe de um bêbado, peguei sua mão e disse:

“Vamos!”

Não demoramos a chegar à frente de um lugar com aparência chinfrina, comparado aos lugares que eu freqüentava aquilo era um bordel! Um rapaz com mais tatuagens que seu corpo podia carregar e aparentando ter a idade de meu sobrinho tomava a frente do lugar... Lembro-me bem do nome. Inferno! Era a típica balada de jovens revoltados das noites paulistanas. Eu jamais entraria ali sozinho e por vontade própria, mas aquela altura da madrugada eu não me importava com mais nada.

Depois de uma curta conversa com o rapaz tatuado, adentramos o lugar sem pagar. Com isso percebi que minha “leoa” era freqüentadora assídua do local. Por dentro o lugar era até que agradável, a não ser pela banda barulhenta, que insistia em tocar aquele rock and roll que não me agradava. Minha expressão não me deixava mentir... Sentia-me incomodado com todos aqueles adornos nos rostos dos jovens, aquelas tatuagens enormes e todo aquele barulho ensurdecedor. Ela simplesmente sorria, e me carregava mais e mais para dentro daquela baderna. Quando me dei conta, já estava envolvido por seus braços, em meio à multidão que balançava a cabeça sem parar. De rosto colado ela me fazia “dançar”, eu me deixava levar por seu corpo, suas mãos bagunçavam meu corpo, eu cheio de tesão, seguia aquela dança pornográfica... Tudo foi se tornando silencioso e logo eu não estaria vendo mais ninguém. No salão, somente eu e ela. A tontura ajudava no balançar daquela idéia maluca. Suas mãos agora alcançavam mais do que minhas costas e meu pescoço, elas chegavam a minha calça; e por dentro dela acariciavam meu pênis, ela virava-se de costas e levantava a saia até deixar que eu alcançasse sua calcinha facilmente... Levado por esta loucura, eu colocava a mão por baixo de sua saia e a masturbava por cima da calcinha. Eu via delírio, ouvia gemidos e pedidos insanos. Em atitude que não parecia minha, abri o zíper de minha calça e coloquei meu pênis entre suas pernas, olhei a minha volta e todos nos olhavam pasmos, mesmo assim não me intimidei...

Louco, alcoolizado e irreconhecível, cheguei ao seu ouvido e anunciei: Vou te comer aqui mesmo sua safada!

Segurei-a com uma mão entre os seios e com a outra tirei sua calcinha do caminho. Ela se empinava e gemia. Penetrei-a com força, mostrando que tomei de volta meu posto de caçador... Divertia-me enquanto uma luz forte atingia meu rosto, as pessoas a minha volta gritavam e gargalhavam, tudo foi se tornando fosco, os sons se distanciavam e a luz ofuscava minha visão. Com uma das mãos enxuguei o suor que escorria em meu rosto, fechei os olhos e quando os abri... Estava deitado em minha cama, sozinho! Para meu desespero, não passava de mais um sonho como todos os outros.

“Ai meu santo caralho!”

Olhei o relógio... “Sete da manhã?”

Já estava ficando louco com esta situação, isto não poderia ir além!

Um mês de sonhos loucos assim... Sempre a encontrar esta linda moça, sempre a desejar o seu corpo escultural. Decidi que faria um esforço durante o dia para não pensar nela.

Trabalhei normalmente, fui almoçar junto a uma das secretárias, tudo isto para tentar enfiar a imagem de outra mulher em minha mente...

Logo a noite chega, e o desespero também. Tomei um calmante para dormir melhor, pensando que isto poderia me salvar de mais um sonho, e por mais longe que levasse minha mente, ela estava lá! O que eu temia aconteceu, eu me apaixonei por uma mulher que não existe! Adentrei em meu quarto e olhei a cama com medo. Estava apavorado. Não queria mais aquela tortura. Posso dizer que no começo foi prazeroso, mas agora havia se tornado um pesadelo... O calmante já me derrotava, o sono era incontrolável, então adormeci.

Nem calmante, nem toda distração do meu dia evitou mais um sonho, mas este diferente de todos, talvez o tormento na vida real, fizesse com que fosse assim.

Eu estava em um lugar muito branco, sem piso, sem teto; infinito.

Eu a via caminhar em minha direção, estava chorando... Gritava e fazia gestos bruscos. Eu fiquei sem entender nada, até conseguir escutar suas palavras.

-Seu cretino! Desgraçado! Eu acreditei em você... Você me seduziu. Eu servi apenas para satisfazer seus malditos sonhos eróticos, é isto mesmo?

-Olhe pra mim quando falo! Olha! Olhe pra mulher que você desejou por dias... Para mulher que transou por dias...

Porque fui tentar fugir?

Agora estava preso a ilusão, discutindo com alguém que não existe! Com uma mulher que não existe, mas que eu amava! Loucura? Eu estava louco mesmo... Para viver uma coisa destas? Somente em meio à loucura!

E mais uma vez acordei perdido, sem saber o que fazer... Colocava as mãos na cabeça em um ato desesperado, tentando entender o que estava acontecendo, estava pensando até em procurar ajuda psicológica... Já estava atrasado para o trabalho, estressado com a situação maluca que eu não suportava mais.

Passei o dia todo com a cara amarrada, um nó cego! Não fiz nada... Não almocei direito, não suportei olhar aquela secretária com quem almocei no dia anterior... Os papéis em minha mesa formavam uma pilha que escondia meu rosto cheio de toda a realidade que eu não queria viver. No meu pensamento a imagem da loura que tirava meu sono...

Mesmo sendo em um sonho, me sentia arrependido por ter brigado com ela. Triste, moribundo, eu não via a hora do expediente acabar. Contei as horas, até que me vi liberto daquela tortura.

Resolvi caminhar pela cidade para ver rostos novos, mulheres bem arrumadas e talvez me distrair vendo crianças brincarem em algum parque, mas nada disso adiantou. Ainda sem paciência, tomei o caminho para casa, entrei no metro e lá as coisas pioraram...

Comecei a me sentir mal, vi tudo girar e depois ficarem em câmera lenta... As pessoas esbarravam em mim, eu não entendia nada. E com a visão falha, vi uma moça, vindo em minha direção. Aconteceu muito rápido, não tive tempo de me afastar. Ela com o telefone celular nem percebeu que eu estava em seu caminho. Um grande esbarrão... Então tudo voltou a ficar lento, mas minha visão tinha voltado ao normal. Abaixei e peguei o celular que havia caído, levantei e com o mesmo ainda em minhas mãos... A moça me pediu desculpas e agradeceu por ter pego o aparelho do chão. Como em uma cena de filme romântico, olhei em seus olhos e sorri. Fiquei ali, parado. Vendo a bela moça dar as costas e ir embora, mas fiquei feliz. A vi sumir dentre a multidão que perambulava e se amontoava nas filas do metrô... Entrei no vagão que me levaria até em casa, e fui pensando nos porquês daquela decisão. Imaginei todos aqueles sonhos pervertidos que rodavam como um longa metragem em minha mente... E vi o quanto fui sensato. Agora eu poderia dizer que não estou louco, que meu amor realmente existe, e que todas as drogas que eu usava não me faziam bem. E como não faziam!

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