sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Um novo modo de enxergar um encontro.

Sem edições, aqui vai mais um de meus contos “sensatos”, sem restrições e com um “segredo” envolvido... Sei que não são muitos os meus leitores fiéis, mas penso que será divertido, a quem me conhece, desvendar o que contém de diferente neste! Espero que gostem! Um abraço a todos


Carlos William.


Casual.


“Esta, de fato, foi a melhor decisão que tomei em toda minha vida!”

Assim pensei quando desembarquei no aeroporto... Por alguns instantes observei a movimentação e segui para a portaria. Estava exausta e só pensava em descansar, ter um tempo para mim. O peso da profissão chegara rápido demais, talvez pelos excessos. Vou explicar-lhes melhor...

Logo após o termino de meus estudos, procurei seguir a finco e me dedicar a profissão. Escolhi trabalhar na área de moda... Pois assim, poderia conhecer o mundo e sempre estar em contato com outras pessoas. Eu sempre sonhei em conhecer outros países e seus costumes, ter contato com suas culturas e talvez até conhecer alguém interessante. Apesar de ter este pensamento, não me deixei levar pelo “conhecer” e dei preferência à solidão caseira, deixei os contatos para o profissionalismo e diversão, não queria ter a obrigação de estar sempre ao lado de alguém, ou até mesmo prender-me a um casamento. Ao menos no momento... Eu queria primeiro me realizar profissionalmente, para posteriormente construir uma família. Acabei por me dedicar demais! Por medo de criar uma expectativa maior, não me deixava levar por encontros, carinhos, presentes ou quaisquer coisas que me aparentasse uma aproximação. Claro que isto ajudava, e muito, a ter tempo para arcar com as responsabilidades do trabalho. Com tanta dedicação, veio o reconhecimento e o “glamour” do ramo. Propostas para viagens e contratos no exterior. Os mesmos que me encheram os olhos para a Europa.

O “mundo” da moda girava lá! E sem pestanejar aceitei trabalhar em uma agência na frança. Eram as mil maravilhas, afinal, quem não almeja realização pessoal? Em um ano, minha carreira alavancou descontroladamente e já me via sem tempo algum para viver o meu “pessoal”... E eu não queria mais “atuar”, queria realidade! Este é o lado ruim, o pesar, de minha profissão... Tudo é muito “teatral”.

E foi um ano! O tempo exato para sentir saudades do bom e velho arroz e feijão, das noites paulistanas e o conturbado condomínio onde morava. Desde o começo eu sentia saudades, mas pesou-me mais quando a solidão pesou também. Eu queria visitar meus pais, ter a presença real de alguém, não como era, por apenas interesse. Aguardei o término do contrato e neguei uma renovação... Procurei embarcar no primeiro avião para o Brasil. Todas as decisões em minha vida foram drásticas, até mesmo a escolha pela solidão, eu não sabia o sentido de moderação... Mas em algum momento eu precisava descobrir isto! Cansada de observar casais perambulando pelas ruas de Paris, cidade romântica, cheia de encanto. Em alguns momentos me via com inveja destes mesmos casais. Até ali, minhas “historias” românticas, não passavam de... Aventuras! Romances adolescentes, experiências deixadas para trás... Lembro-me de uma delas, a única que teve algum valor. Antes de cursar a faculdade, passei três anos ao lado de um garoto um tanto mais velho, que me valorizava bastante. Atencioso, romântico, mas com uma insanidade sem tamanho, meio perdido na vida, com idéias utópicas e ideologias juvenis e revoltadas... Mas ele soube me mostrar o que era amar, me fez bem estar ao seu lado. Com ele aprendi que ninguém será perfeito! Não nego que me irritava o fato dele pensar em sua “liberdade” absoluta, isto não existe! Mas não posso negar, também, que ele me ensinara muitas coisas... E talvez seja o único, que até hoje tenha me demonstrado algum valor no amor. E não por interesse, mas adoraria saber como ele está. O que ele fez por mim, cativou o que mais tarde viria a pesar... Sabe essas coisas de primeiro amor? Pensar em procurar algo semelhante, ou alguém que possa fazer algo parecido. Sei que isto é bobagem, mas sempre guardamos algo de pessoas que passaram por nossas vidas e tiveram algum valor. Mas no momento ele era apenas uma memória, o que me fizera voltar ao Brasil, era saudade de meus pais e de alguns amigos que a muito não via. Não que eu não tivesse amigos na França, mas grande parte de minha vida havia ficado para trás... E eu precisava retornar a elas! E posso dizer que os franceses não me despertaram interesse algum, principalmente os que eu conhecia, por terem a opção sexual variada... Outro problema em minha profissão! Mesmo que eu não procurasse, não poderia correr o risco de me apaixonar por alguém que no mínimo, gostaria de dividir o estilista famoso que conhecíamos. Só de pensar nesta possibilidade, rio sozinha! O meu retorno não era direcionado a procura de alguém, muito menos desfazer da profissão... Seria como férias prolongadas. E neste tempo, estaria “aberta” a novas possibilidades. Um mundo “novo”, dentro do “antigo”. Durante a viagem, uma “agenda” de horários e “compromissos” se formava em minha mente, era uma mania adquirida com o trabalho. Eu estava ansiosa para ver meus pais. Já se passavam dois anos sem vê-los pessoalmente. Seria a primeira coisa que faria quando chegasse, iria visitá-los e passaríamos alguns dias juntos, depois entraria em contato com alguns amigos, que já estavam cientes do meu retorno. Eu estava disposta a conhecer pessoas novas e me relacionar com algum homem de verdade, não como antes, ou como na França, que não me deixava passar do terceiro encontro... Agora, como diziam minhas amigas do colegial, deixaria “rolar”! Sem intenções, apenas viveria, coisa que não fazia a muito. A idéia de que um relacionamento atrapalharia meu futuro, já estava obsoleta. E talvez fosse o momento ideal para “descongelar” meu coração... Afinal, minha carreira já estava construída. Um romance não atrapalharia mais. E cá para nós... Quem consegue suportar a solidão a vida toda? Bem que eu tentei! Mas me parece impossível. E além do mais, já estava cansada de começar um relacionamento, me deixar levar pelo desejo e depois me afastar por medo de atrapalhar minha carreira. Mas só agora vejo que talvez eu pudesse conciliar um amor com o trabalho. E penso que talvez pudesse ser melhor ter alguém ao lado desde o começo. Um apoio, um alicerce, alguém com quem conversar sobre o meu dia exaustivo e depois cair na cama aos beijos. Tudo bem... É muita perfeição! Mas sonhar não custa nada. E por falar em sonho... Mais um realizado...



“Senhores passageiros, favor colocar os cintos, pois o avião irá aterrissar...”



Enfim... De volta para casa!



Eu não sei por qual motivo, sempre fui organizada, mas me sentia um tanto desastrada, sem rumo... Estava atrapalhada com as bagagens, não conseguia alcançar o celular no bolso, que tocava incessantemente. Eu me sentia atrasada... Mas não existia com o que se preocupar! A ansiedade me deixara assim... Tentei me acalmar, mas o celular me irritava mais ainda! Depois de um tempo “desnorteada”, tomei o rumo de meu velho apartamento no centro de São Paulo... Em primeiro momento, descansei um pouco antes de começar a jornada de visitas e telefonemas. Acomodei-me, mas deixei as malas por desfazer... Passei algumas horas deitada, para depois ir à casa de meus pais. Eu tinha muita coisa para fazer, mas me sentia preguiçosa. E digo que foi ótimo me sentir assim!

Após um cochilo, me arrumei e saí... Sem carro, sem vontade de chamar um taxi, resolvi “passear” de metrô até a casa de meus pais... Diversos telefonemas, entusiasmada com a idéia de rever pessoas, mal prestava atenção no caminho... Mais parecia uma criança apressada para a vida. E com essa pressa, subia as escadarias do metrô, com o celular na mão, andando com passos “apertados”... Sem me importar com os esbarrões costumeiros de São Paulo... Mas tive que me importar com o homem que estava em meu caminho quando quase o pisoteei. Um esbarrão e tanto! Mas foi rápido. Só tive tempo de vê-lo abaixar-se para pegar meu celular no chão, e escutar seu pedido de desculpas... A pressa fez com que eu apenas agradecesse e seguisse meu caminho... Apesar da rapidez do acontecimento, percebi que o homem não se sentia muito bem, ou talvez fosse coisa da minha cabeça... Estranho mesmo foi ter a sensação de já ter visto aquele homem. Afinal... Passei um ano longe de São Paulo... E ele não aparentava ser estrangeiro. Não que não existisse, mas a possibilidade de conhecê-lo era quase nula... Passei o dia com a imagem daquele homem na cabeça, intrigada com a sensação de já ter o visto em algum outro lugar... Não me surpreenderia que talvez em sonho...

Depois de muito pensar nisto... Abaixei a cabeça, coloquei a mão na testa, sorrindo, como quem diz si mesmo:



“Que paranóia a minha... foi apenas um esbarrão!”

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