Este não é um de meus preferidos e passará por uma grande edição, mas de fato gosto do enredo...
por isto posto o original e depois veremos no que se transformará...
vai assim mesmo, bruto e sem edições.
Desejos.
“Uma mulher nunca demonstra seus desejos, a não ser entre quatro paredes ou quando realmente quer que algo aconteça. Uma mulher sabe o que quer e como conseguir o que deseja! E eu não era diferente disto...”.
Liberta, enfim liberta! Solteira e com o peso do divorcio nas costas... Exagero. Pois nem pesava tanto assim. Na verdade era um alivio... Lembro-me de parar estática na frente do calendário, sorrindo e pensando: Puta que pariu... Nem parece que já faz dois anos. O tempo passou tão rápido, nada como uma vida independente, fazia tudo que queria e ainda faltava tempo, não era como nos tempos de casada. Também pudera, aquele traste não me deixava em paz! Depois do primeiro ano de casamento ele virou um capeta... Os dias pareciam enormes. E o filho da puta ainda roncava demais!
Isto era o que eu falava sozinha, caminhando pela cozinha de chão xadrez, com uma parede verde limão e com os moveis da mesma cor... “Ah como eu gosto de deixar a casa do meu jeito! Hoje poso dizer: Minha casa, meus moveis e minha decoração! Hoje vejo o quanto fui boba em querer casar cedo”.
Casei-me aos vinte anos com um príncipe. Meu conto de fadas não durou mais que um ano, depois disso meu príncipe virou um sapo! E passei longos quatro anos, tentando transformá-lo de volta no meu homem dos sonhos... Em vão! Então cansei e me divorciei... Perdi o encanto pela vida de dona de casa. Perdi o encanto pelos romances. Não me envolvia com mais nenhum homem... Eles são muito mentirosos. Eu tinha medo de me envolver e passar por todo pesadelo de novo. Não, não e não! O problema era que... Por mais que eu pensasse desse modo, feminista, eu ainda tinha “recaídas”, mas me esforçava para não me envolver com ninguém e blá, blá, blá... Eu tinha desejos como todo ser humano. E não os satisfazia há tempos. Não que eu fosse uma pervertida, mas dois anos são dois anos, não? Eu já estava beirando um colapso, entrando em conflito. Para que me arrumava e freqüentava academia? Um conflito de idéias e uma crise existencial me atormentavam, assim eu pensava... “Deus... A quem eu quero enganar?”.
Tudo bem... Eu já estava sentindo falta de alguém. Para ser mais exata... Alguém em cima de mim na cama. De fato eu ainda era viva! E não poderia negar os meus desejos...
Eu queria um homem sensível... Que gostasse de boa musica e soubesse se portar como um verdadeiro cavalheiro. Se este tipo de homem existe? Bom... Eu não sabia até o momento. Mas estava pensando que poderia ser uma boa hora para conhecer. Eu já acompanhava os passos de um homem sensacional a dias! Ele freqüentava a mesma academia que eu insistia em ir. Muitas vezes somente para colocar a fofoca em dia, essas coisas que só mulher entende... Ele, o típico homem másculo, com pelos no peito e músculos saltando a pele... Mas nada exagerado. Alto e com belas pernas! Arrancava olhares de varias mulheres da academia... E eu era uma delas.
Nos cumprimentávamos apenas por singelos sorrisos ou gestos; algumas vezes, um “oi” direto, sem muita intimidade... Só para quebrar o gelo sabe? Mas eu não queria só isso. Queria muito mais! Queria saber sobre sua vida, como ele era fora daquele mundo de roupas informais, esportivas... Queria saber o que se passava em sua mente. E se valeria à pena conhecê-lo.
A mulher que havia dentro de mim, trancafiada... Debatia-se para sair e tomar aquele homem para si.
Fato! Mulher alguma deve tomar atitude perante a um homem. É uma lei! Mulheres esperam os homens chegarem com suas falas bonitas e afetuosas, se fazem de acanhadas e somente depois, entre quatro paredes se soltam... Mas em tempos modernos... A “luta” é de igual para igual! Conheço homens que sonham em casar. E mulheres que fogem deste “laço”. Ouso até dizer que algumas são caçadoras!
Digo por mim, pois preparei a minha caçada! Procurei saber sobre a vida dele... E o pior eu encontrei.
Casado, bem sucedido e sem nenhuma intenção de conhecer outra mulher. Quando digo que os homens estão diferentes, ninguém acredita! Fiquei presa a esta situação chata. Eu o perseguia. Nas noites, ele perturbou meu sono. Nos dias... Os meus olhos. Por raiva; decidi continuar, seguir e descobrir se conseguiria tê-lo. Pelo simples fato de vencer. Aos poucos fui mudando minha rotina, descobri o caminho do trabalho dele. E na academia, procurava sempre ficar por perto. Quando menos percebi... Já estávamos nos falando. Pouco, mas o suficiente para descobrir seus pontos fracos. Trabalhava muito e sua mulher também. Viam-se pouco. E a carência com certeza ia apertando o peito. Com isso, fui moldando minhas roupas, apenas para provocá-lo, mas nada de arrancar um olhar com ar maldoso, com desejo... A situação foi me irritando, pois odeio perder! Todo aquele pensamento de liberdade se foi. Agora atuava a minha parte má.
“Atacarei com todas as minhas armas! Sou nova e como dizem alguns “cachaceiros” de plantão em botecos de esquina... Sou gostosa! Impossível não despertar nada nele. Percebi que ele era curioso. E com a certeza de que se me fizesse de difícil ele viria atrás...
Fiquei alguns dias afastada, e foi perfeito.. Não demorou muito para perguntas do tipo... “O que aconteceu?” “Te fiz algo?”. Agradarem meus ouvidos.
Minha resposta fulminante foi instantânea: “Não... Mas poderia fazer!”.
Nunca tinha visto um homem tão assustado e nem havia tomado tal atitude em minha vida. Admito que, por alguns instantes pensei no que estava fazendo, e vi o quanto estava sendo “baixa” minha ação, mas não hesitei em continuar, queria ver até onde eu poderia ser mais forte que ele, tinha se tornado algo por honra. Como pode? Homens não resistem tanto assim!
Para ser mais direta tinha que falar mais coisas que o deixasse abaixo de mim...
“Você não me olha, não me deseja e eu estou aqui... Esperando uma atitude sua!”.
Claro que foi algo em total desespero, mas aquilo tinha que ser feito. Todos temos atos de ímpeto na vida, este foi o meu. Desejei e fui atrás do que queria, por mais fútil que pareça, ninguém gosta de desprezo. Por sorte não fui totalmente desprezada. E digo que senti um tanto de pena quando o ouvi dizer...
“Não sei onde quer chegar com isto, mas não posso deixar que continue... Sou casado, bem resolvido e me sinto bem assim. Se possível podemos ser amigos, freqüentamos a mesma academia e minha mulher já sabe de sua existência... Todos aqui me conhecem e eu não gostaria que minha esposa ficasse sabendo de tal atitude sua”.
Um discurso e tanto! Explicando que sua intenção era me apresentar a sua mulher... Achava que seria uma boa idéia. Disse que ela se sentia só. E que nos daríamos bem.
Apesar de achar tudo muito estranho... Procurei resolver o “mal entendido” e me desculpar pela atitude um tanto quanto infantil. Claro que, com segundas intenções...
Resolvemos que, o primeiro dia em que estivéssemos livres, sairíamos juntos para que eu pudesse conhecer sua esposa e alguns amigos dele.
Pobre homem, ingênuo, mal sabia o que eu tramava...
A dificuldade foi o que mais me despertou desejos. O “difícil” sempre tem um gosto a mais. E eu queria provar deste sabor.
Não demora a chegar um feriado, estaríamos livres e eu colocaria meu plano em prática...
Antes de nos conhecermos pessoalmente, ele fez com que nos falássemos ao telefone.
Surreal? Impossível? Não! Amedronte um homem para ver do que ele é capaz. Com toda certeza ele pensava que o deixaria em paz se conhecesse sua esposa... O feriado seria o de 12 de outubro. Dia das crianças. E minha crença era que eu teria meu presente, meu brinquedo.
O dia chegara e minha ansiedade para ver sua esposa aumentava. Meu ego queria alimento, eu queria ver e comprovar que sou melhor! Nem por foto eu havia a conhecido... Queria saber o que ela tinha, que fazia os olhos daquele homem brilhar.
Ao lado do telefone, eu esperava sentada em meu sofá preto de couro sintético, às seis horas da tarde, apenas sob iluminação de abajures, acomodados em minha mesa de centro, que a frente seguia a estante baixa e nas mesmas cores. Tapete, e pisos em cores contrárias, contrastando com a minha televisão de cor branca e brilhosa, ligada em um canal de noticias, de fato sem sentido, sem volume algum. O telefone toca e me assusta. Estava em qualquer lugar, menos naquela sala, talvez em algum quarto de motel, ou porque não em meu quarto?
Eles queriam me buscar. Eles insistiram na idéia, pois queriam que eu conhecesse um amigo que talvez faria companhia. E que a minha presença o animaria. Neguei o quanto pude. Disse que seria melhor nos encontrarmos diretamente no local. Pois ainda não estava pronta. Mentira claro!
Iríamos a uma churrascaria perto de minha casa, seria fácil chegar sozinha, tínhamos mesa reservada para quatro, mas eu queria apenas três, que logo eu faria se tornarem duas pessoas apenas. Quando cheguei... Eles já haviam se acomodado, os avistei de longe. Logo vi que não havia “amigo” algum, com isso meu caminho estava livre! Caminhei sorrindo, até me aproximar e entender os “porquês” daquele homem não desejar mais nenhuma mulher... Ao me aproximar puder entender perfeitamente. Belíssima! Elegante, de olhos lindos e muito bem vestida. Naquele instante, a inveja me dominava... Posso dizer que me senti atraída por ela. Também pudera... Linda e bem acompanhada. O que mais poderia querer? Sentei-me... E com um cinismo sem pudor, cumprimentei os dois com respeito para não levantar suspeitas e perguntei...
“Onde está seu amigo?”.
“Ele não pode vir?”.
A resposta veio da esposa... “Ele não pode vir... Mesmo porque não havia dado certeza, mas seria ótimo estarmos juntos... Outro dia o apresentarei. Acho que irá gostar dele...”.
A conversa desenrolou sobre o “maldito” amigo. Ela dizia que ele era um belo partido e que formaríamos um belo par, todas essas coisas formais, as quais nem faziam diferença para mim. Não posso mentir que estava me divertindo. E de fato estava me sentindo a vontade com a presença dela. A pior coisa foi perceber que meu foco mudara... Talvez minha crise de carência tenha algo a ver... Seus brincos eram lindos, sua roupa combinando com tudo, maquiagem perfeita! Confesso que me assustei com isso, mas que mal teria?
Poderíamos muito bem nos tornar amigas! Assim eu desistiria da idéia maluca de roubar-lhe o homem. Seguíamos felizes e descontraídas. Sorrisos, brindes e às vezes risos empolgados, enquanto isto, o único homem a mesa, embriagava-se com seus drinques. O tempo passou rápido e logo teríamos que ir embora. Ofereceram-me uma carona para casa e antes que pudesse recusar... O embriagado homem, já estava literalmente “jogado” no banco traseiro do carro e minha mais nova amiga me pegara pelo braço dizendo... “Vamos! Agora a noite é nossa...” Não nego que também estava um tanto tonta. E talvez isto me ajudou a seguir em frente. O cansaço, misturado ao álcool, não me deixaram perceber que estávamos a caminho da casa errada. E logo estaria sentada na sala deles com um copo de cerveja em uma das mãos e um cigarro torto na outra... Até ai minha historia e idéias haviam mudado. Eu não me conhecia mais e já estava a sós com a minha inimiga, ou atual amiga. Bêbadas e fora de si, tivemos uma conversa breve sobre experiências passadas... Ela me confessava que tinha curiosidade em saber como seria “ficar” com outra mulher, e que esta seria a experiência mais louca de sua vida. Queria saber o porque os homens tinham tanto desejo por bundas e peitos. Com uma grande pausa e um riso “torto” ela se levantou e veio em minha direção. Sem esboçar reação alguma deixei que a curiosidade me tomasse também... Ainda me lembro como se fosse ontem. Nos duas saindo daquele elevador, caminhando até o carro e largando aquele pobre coitado no chão frio. Nem minha casa nem casa dela... Fugimos para outro estado e compramos nossa casa... É estranho lembrar disto. E às vezes ainda me pergunto, se ele ainda ronca deitado ao relento. Pobre coitado!