O que se fazia em dor... Era a amizade. Ícaro era apaixonado por quase tudo. Incondicional, era o amor pela dificuldade, as coisas dificeis chamavam mais a sua atenção. Não temia a queda, pois nunca havia experimentado o amargo de uma. Ele sonhava alto... Sempre que precisava, abria suas asas e alcançava o céu. Abismos não eram um problema para ele... Se existisse um em seu caminho... Suas asas o poupavam o esforço do retorno. Sempre contornando de sua forma sutil, encontrava soluções para tudo, exceto para pessoas. Tinha um sentimento parecido com ódio. Na verdade... Era dificil explicar o que Ícaro sentia. Uma mescla de sentimentos mal entendidos até por ele mesmo. Não era o medo da loucura que o forçava a largar a bandeira da imaginação, tentavam errôniamente lhe imporem que largasse. Mas por falta deste medo... Era como um insano sem pés. Sempre voando e voando... Cada vez mais alto. Mesmo sem sentir os pés, estava sempre buscando o solo... Como se fosse o céu. Invertia os papeis do que é céu e terra... Ícaro não entendia o porque de tanta importância as coisas táteis. Entendia tudo aquilo que tocava como descartáveis... Até mesmo seu próprio corpo. Sua paixão vinha do inexpremivel, do som de uma musica, ou simplesmente, do vento batendo em seu rosto. O silêncio era um grande aliado para a calma. A cada dia que passava, observava os seus iguais ateando fogo em suas próprias asas, e perguntava-se o porque... Pensava: “Porque privam-se da maravilha de ser livre”. Para Ícaro, valorizar o que os olhos enxergam, mais do que o coração sente, era algo realmente irracional! O maior problema era sua curiosidade, as suas tentativas de entender os “porques”... Por vezes, lançava-se ao ar como um corpo sem vida, chegando a quase colidir com o chão, mas com sua graciosidade, planava próximo aos que negaram-se as asas. Os observava de perto, analisando cada atitude. Esta forma de aventurar-se, lhe causou alguns sustos. Mas Ícaro era safo. Como sempre, contornava os erros. Quase todos que conheciam Ícaro, o alertavam, sempre dizendo que queriam seu bem. Contavam-lhe historias sobre quedas catastróficas, sobre homens que pensavam como Ícaro... Contavam-lhe sobre suas quedas. Por voarem alto demais, quando cairam, chegaram a destruir cidades, até mesmo nações inteiras! Ao escutar estas historias, Ícaro apenas sorria, não falava uma palavra sequer, mas pensava: “Como um ser tão pequenino, pode destruir algo com sua queda?” Mal sabia, que a qualquer momento, descobriria como seria uma queda. Dia a dia, seus vôos alcançaram alturas imensuraveis. E sua atenção, cada vez mais presa a qualquer coisa, menos em sua rota... Até que, uma estrela cadente encontrava-se em sua rota. Sem que pudesse desviar, Ícaro foi atingido em cheio. Desacordado, sua queda era certa. Agora Ícaro provaria o amargo da terra... Passaria alguns dias desacordado, assim como foi para todos que cairam. Após este tempo, Ícaro acorda e sente o peso de sua queda... Olhou a sua volta e, pela primeira vez enxergou a realidade com os pés tocando o solo. Sentiu o cheiro de sangue e se desesperou, viu o tamanho do estrago que causou... Mas, mesmo atordoado, Ícaro parecia encantado com o que via e tocava. Alguns dizem que ele pegou um punhado de terra e levou a boca, outros, dizem que ele não esboçou movimento algum... Bobagens! Pois eu presenciei a queda de Ícaro. Lembro-me exatamente como foi. Quando me dei conta, estava com as mãos sujas de sangue, observando uma fogueira feita de penas. Cheirava a carne queimada... Cheiro que penetrava minhas narinas, fazendo com que eu entrasse em minha consciência novamente. Chocado com que vi... Caminhei adiante sem olhar pra trás... Esta foi a ultima vez que escutei falar sobre Ícaro.
quinta-feira, 27 de maio de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário